segunda-feira, 8 de novembro de 2010
No Pagina13
sábado, 6 de novembro de 2010
Eleições 2010 na Paraíba: e agora PT? É preciso saber dizer não
Mesmo estando aparentemente enfraquecido, depois da cassação do ex-governador Cássio Cunha Lima por abuso de poder econômico, o PSDB/DEM conseguiu derrotar a base aliada do governo Lula, na Paraíba. A eleição de Ricardo Coutinho (PSB) não é uma vitória de seu partido, que não conseguiu eleger sequer um deputado federal. A sua vitória no segundo turno se deve ao seu crescimento nos pequenos municípios e ao acachapante resultado em Campina Grande, onde José Serra foi o vencedor. Segundo o próprio Ricardo Coutinho, sem a aliança com o PSDB ele não poderia ser governador. O candidato do PSB foi o candidato de José Serra no Estado.
Por outro lado, a aliança do PT com o PMDB foi um movimento correto. O PT não saiu de onde estava desde o segundo turno de 2002, quem saiu foi o PSB. A prioridade do PT na Paraíba era o fortalecimento da campanha da companheira Dilma Rousseff e o enfraquecimento dos neoliberais do PSDB/DEM, os principais adversários de nosso projeto nacional. Pragmaticamente, o PSDB/DEM percebeu que a melhor maneira de derrotar a base aliada do presidente Lula seria causando uma divisão em seu meio. Foram seis desastrosos anos de governo de Cássio Cunha Lima (PSDB) nos quais a Paraíba perdeu recursos do Prodetur por falta de elaboração de projeto, no quais os 12% de investimento na saúde não eram observados e nos quais os servidores precisavam contrair empréstimo num banco privado para receberem seus salários, entre outras coisas. Some-se a isto o desgaste de ter sido cassado no meio de seu segundo mandato. Estando a base do governo Lula unificada, certamente, o PSDB/DEM amargaria mais algum tempo oposição.
Dividindo a base de apoio do governo Lula trazendo o PSB para perto de si, o PSDB/DEM ganhou um discurso progressista, confundiu o eleitorado no que se refere à polarização que existe em nível nacional e evitou a comparação com o período em que estiveram governando o Estado. Com isso, ao invés de olhar para os seis anos inglórios do governo de Cássio Cunha Lima, a Paraíba olhou para os seis anos de Ricardo Coutinho frente à prefeitura de João Pessoa, gestão que contou com o apoio do PMDB e PT e que não seria possível sem o apoio do governo do presidente Lula.
Toda a trajetória de esquerda do candidato Ricardo Coutinho esteve a serviço das candidaturas de Efraim Morais (DEM) e Cássio Cunha Lima (PSDB), que se eleitos senadores estariam fazendo oposição ao PT e ao próprio PSB. O mais importante para Cássio, além de derrotar José Maranhão (PMDB), foi ter retirado de Ricardo Coutinho qualquer traço de autonomia e renovação. Quando não precisarem mais terceirizar seu projeto de poder, o PSDB/DEM terá como desgastar até a inviabilidade quem poderia ser a mais destacada liderança política do Estado.
Neste cenário o PT tem diante de si três tarefas. A primeira é saber assumir a condição de oposição, porque foi assim que saiu das urnas. Onde estiver PSDB/DEM, não pode estar o PT. Deve evitar o casuísmo e adesismos a cargos que lançaria o partido a uma situação de descrédito junto à sua base eleitoral. Ademais, ganhará politicamente quem tiver condições de manter coerência e é uma oposição coerente quem se tornará a referência política em futuras crises provocadas por “cascas de bananas” e “fogo amigo” no bloco PSB/DEM/PSDB.
A segunda tarefa é saber fazer respeitar-se e, para tanto, precisa fazer respeitar o seu estatuto. O PT tinha lado definido, estava na chapa majoritária com o PMDB e é inaceitável que petistas tenham feita campanha contra o partido, junto com o PSDB/DEM. Qualquer filiado ao PT precisa respeitar as deliberações do partido e, caso os escandalosos casos de infidelidade partidária passem incólume, estão comprometidas todas e quaisquer decisões partidárias futuras.
A terceira e última tarefa consiste em preparar-se para o lançamento de futuras candidaturas majoritárias. O PT não pode abrir mão de lançar candidatura à prefeitura de João Pessoa, em 2012, por exemplo. Para tanto, precisa se aproximar e valorizar sua militância e os movimentos sociais que dialogam com nosso projeto. O PT é o partido que mais dispõe de condições para identificar e apontar soluções para os para os problemas mais imediatos enfrentados pela população, seja por anos de experiência do modo petista de governar, seja por sua capacidade de aglutinar massa crítica e, porque, afinal de contas, é o partido que preside o país. Precisa se colocar como real alternativa política no Estado.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Breve análise sobre as eleições 2010 na Paraíba
O governo de José Maranhão, mesmo que reduzido pela metade, já que assumiu apenas em fevereiro de 2009, quando Cássio Cunha Lima é cassado por abuso do poder econômico, não conseguiu diferenciar-se do período 1995-2002 quando governou de acordo com a agenda política de Fernando Henrique Cardoso. O discurso de que o PMDB já tinha tido muito tempo e dizia que faria agora o que não fez em oito anos anteriores teve, então, razoável repercussão.
Ainda em 2002, o PMDB local rompe com o nacional e declara apoio a candidatura do presidente Lula. Quando o PSDB/DEM assumiu o governo em 2002, a Paraíba representava 28% do PIB do Nordeste e, em 2009, ao serem retirados do governo pela Justiça Eleitoral, o Estado tinha regredido para 21% do PIB da região. O cenário era favorável para um crescimento eleitoral do PMDB local pela esquerda, sendo a candidatura do bloco de apoio do presidente Lula, empurrando para a direita a candidatura de Ricardo Coutinho, porém, não foi o que aconteceu.
O terceiro governo de José Maranhão, agora com o PT na vice-governadoria, não foi além da lógica do “governo de engenharia”, buscando ser caracterizado como um governo de obras de infraestrutura. Certamente, são ações importantes, entretanto, a busca de melhoria dos índices sociais, colocando o desenvolvimento humano como elemento central, não se verificou. As propostas de grandes investimentos não foram acompanhadas com iniciativas de fortalecimento da microeconomia que, na Paraíba, gera cerca de 80% dos empregos formais, segundo dados recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, Caged.
O debate sobre segurança pública, por exemplo, acontecia tendo como parâmetro o aumento do poder de repressão da polícia e não enfocava a redução das desigualdades sociais. A área de educação, muito caro ao PT e aos demais partidos de esquerda, ficou extremamente aquém do que se espera de um governo apoiado pelo presidente Lula. A Paraíba conta com 23% de sua população em estado de analfabetismo e não houve nenhuma tentativa de superar essa chaga.
Ao não trazer para si a agenda de desenvolvimento social, o governo do PMDB limitou e reduziu a possibilidade de defesa por parte da militância de esquerda que o apoiava e deixou um espaço a ser ocupado pela candidatura do PSB. O PSB terminou o pleito com 53% dos votos válidos, mas, não conseguiu eleger nenhum deputado federal e apenas 3, entre 36, deputados estaduais. Como a vitória de um partido não eleva seu peso político nas representações legislativas nas mesmas eleições? Simples! Porque o eleitorado não votou no PSB, votou no candidato de Cássio Cunha Lima, do PSDB. Nas palavras do próprio Ricardo Coutinho, sem a aliança com o PSDB ele não poderia se tornar governador. Cássio Cunha Lima foi o coordenador da campanha de Ricardo Coutinho no segundo turno.
No primeiro turno, a campanha do PMDB usou salto 15, entrou no clima do já ganhou. José Maranhão perdeu em cidades governadas por aliados, como em Patos, Cajazeiras e o mais grave, Campina Grande. No segundo turno, a campanha despolitizou-se ainda mais, marcada por preconceitos religiosos e ampliação, pela direita, de seu arco de alianças.
A diferença entre os dois candidatos foi de um pouco mais de 8 mil votos no primeiro turno. Em João Pessoa, Ricardo perdeu 15 mil votos no segundo turno, mas, virou em mais de 100 cidades pequenas onde José Maranhão tinha sido vitorioso em 03 de outubro, trabalho realizado por Cássio Cunha Lima, na ausência de José Maranhão que passou a priorizar os grandes centros.
O PT tem sua parcela de culpa. Primeiro ao não se impor na agenda do governo. O desempenho da esquerda no governo do PMDB seria fundamental para isolar na direita a candidatura do PSDB/DEM, aproximando o governo do Estado à experiência exitosa do governo federal. No processo eleitoral em si, é débito do PT a ausência de Lula e Dilma na Paraíba, que talvez tivessem alterado os rumos da eleição já no primeiro turno. Ainda assim, o partido mostrou força, aumentando a sua bancada na Assembléia Legislativa, com uma militância aguerrida que evitou o crescimento do PSB/DEM/PSDB em alguns setores mais politizados e conseguiu diminuir a rejeição ao PMDB.
Ai que vida boa, ô lerê, ai que vida boa, ô lará!
Faz tão pouco tempo que podemos votar para presidente. Durante mais de vinte anos, depois de um golpe cívico-militar, o Brasil foi governado por uma ditadura. Faz tão pouco tempo que nós podemos conversar sobre política, defender nossas idéias, atuar por elas e em nome delas sem o medo de ser preso, torturado, exilado ou mesmo perder a vida.
Em “Vai passar” Chico Buarque registra a pouca memória dos mais jovens a respeito de um passado de explorações, violências e “tenebrosas transações”. Mas, anuncia a passagem de um samba popular no qual os famintos e retintos dançarão e cantarão “a evolução da liberdade até o dia clarear”.
A partir de janeiro próximo, não apenas seremos governados por uma mulher, o que por si só já um feito histórico em um país tão machista. Mas, seremos governados por uma mulher de esquerda, guerreira, que sabe bem quem são os nossos inimigos, os inimigos da democracia política e social. A futura comandante-em-chefe das Forças Armadas já foi presa e torturada nos quartéis e porões da ditadura. É simplesmente encantador saber que seremos governados por uma mulher que lutou, arriscando a sua própria vida, pelo nosso país e pelo nosso povo.
Hoje, sabemos que a democracia política sem a democracia social é manca. Hoje sabemos que a democracia que queremos não é apenas uma formalidade, mas a construção da igualdade social. Sabemos também que a tentativa de democratização da sociedade sofre feroz oposição daqueles que nunca reclamaram da existência da pobreza, que nunca reclamaram dos preconceitos e explorações que feriam e ainda ferem nosso povo. E, pasmem, estes cínicos reclamam da democratização da sociedade em nome de uma suposta “democracia” bem particular que acha feio tudo o que não é espelho.
Temos muito ainda por fazer. Sabemos que estar no governo federal não é necessariamente está no poder. Os conservadores, a alta burguesia e filhotes da ditadura estão mais vivos que nunca. Os próximos quatros anos serão possivelmente mais tensos e a militância política de cada um de nós será decisiva para que o Brasil e nossa América Latina prossiga mudando. Mas, como é bom lutar pelo o que se acredita! Salve, salve Dilma! Viva os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil!
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Um vitória suada
Por Wladimir Pomar
A eleição de Dilma Roussef, é evidente, não foi uma vitória decisiva, daquelas que mudam a correlação política de forças e criam as condições para avançar na realização de mudanças mais profundos na sociedade. Foi uma vitória suada. Pelo lado negativo, resultou tanto dos erros de sua campanha no primeiro turno, quanto do fato de que o PT e a esquerda, em geral, abandonaram o trabalho de massas já há algum tempo.
Pelo lado positivo, não há dúvida de que foi uma vitória importante, devida tanto à correção dos rumos da campanha durante o segundo turno, quanto à mobilização de parte considerável da militância de esquerda, que se deu conta de que o “quanto pior melhor”, assim como uma vitória da direita, seria um grave erro e uma derrota estratégica.
Ainda pelo lado positivo, na análise da vitória de Dilma não se pode desprezar o fato de que as camadas populares tomaram partido. Enquanto a classe média rachou, aliás como quase sempre acontece, os proletários e demais setores pobres da população urbana e rural reiteraram sua confiança de que a continuidade das políticas do governo Lula é o que mais lhes interessa. Nesse sentido, a clivagem social continua sendo uma marca característica das três últimas eleições presidenciais no Brasil.
É essa clivagem social que tende a aprofundar o processo de polarização da sociedade brasileira, apesar de uma parte da burguesia nacional e internacional estar se beneficiando, como não poderia deixar de ser, com os programas governamentais de desenvolvimento das forças produtivas do país. A necessidade de aumentar a capacidade produtiva do país, como condição para redistribuir renda e melhorar as condições de vida do conjunto da população, só pode ser realizada com o concurso de diferentes formas de propriedade, como nossa própria história tem mostrado.
O problema, para a burguesia nativa e estrangeira, é que elas não querem a participação da propriedade pública, estatal e sob outras formas, nesse processo. Elas pretendem fazer isso sozinhas. Além disso, mesmo tendo alta lucratividade, elas não querem ter uma parte de seus lucros apropriados pelo Estado para redistribuição aos trabalhadores e aos pobres. Assim, vivem a ambiguidade de serem beneficiadas pelas políticas de crescimento de governos de esquerda e, ao mesmo tempo, se sentirem lesadas dos recursos que consideram seus, mas são “desviados” para programas sociais.
Esse é o mesmo sentimento de parte considerável da classe média, proprietária ou não. Talvez há muito tempo esse setor não esteja em condições financeiras tão boas quanto na atualidade. Apesar disso, acha que poderia estar melhor se o governo não “gastasse tanto dando dinheiro pra pobre e alimentando vagabundo”, como é comum se ouvir em rodas de restaurantes e botecos.
Esses setores são incapazes de enxergar suas diferenças econômicas e sociais com a burguesia, e de que não estão melhores porque é justamente a burguesia que se apropria da maior parte das riquezas geradas pelo trabalho, tanto dos proletários, quanto das próprias classes médias. Em conseqüência, na política, assumem as mesmas reclamações e lamúrias da burguesia, assim como suas propostas. Propostas que, no final, vão se virar também contra as camadas médias.
É com base nisso que, no discurso de reconhecimento da eleição de Dilma, o derrotado Serra não só proclamou uma vitória política das forças que o apoiaram, como prometeu guerra sem quartel pelas liberdades, democracia e pela nação. Ou seja, partindo do pressuposto de obteve sucesso em impedir Lula de transferir toda sua popularidade para a candidata da coalizão dirigida pelo PT, e em conquistar 44% dos votos válidos, Serra se colocou na posição de comandante de uma luta continuada contra o próximo governo.
Talvez seja útil ao PT e à esquerda refletirem sobre o significado dessa postura da direita. Ela pode nos ajudar a aprofundar um debate, mais que necessário, sobre o significado de liberdade, democracia e nação, para a direita e para a esquerda, provavelmente como eixos principais das lutas que já estão batendo às nossas portas. Ou tal significado é desnudado para o conjunto da população brasileira, em especial para os pobres, os trabalhadores e as classes médias, ou a direita pode se apropriar dessas bandeiras para implantar o seu inverso.
Fonte: http://pagina13.org.br/?p=4909
sábado, 23 de outubro de 2010
Quando a parte quer ser maior que o todo: eleições 2010 na Paraíba
A Paraíba teve o primeiro turno mais disputado do país. O candidato Ricardo Coutinho (PSB/DEM/PSDB) alcançou 942.121 votos ou 49,7%, contra 933.754 ou 49,3% de José Maranhão (PMDB/PT/PCdoB), um pouco mais de oito mil votos de diferença. Dilma Rousseff ficou com 53,21% dos votos válidos no Estado.
Essa polarização também ocorreu em 2006 quando José Maranhão disputou pelo bloco PMDB-PSB-PT-PCdoB contra Cássio Cunha Lima do PSDB-DEM. Naquele contexto, de reeleição do presidente Lula, o PT/PB abriu mão de candidatura própria e indicou o vice-governador da chapa encabeçada pelo PMDB.
Em 2008, o bloco PMDB-PSB-PT-PCdoB permaneceu coeso na reeleição do então prefeito da capital, Ricardo Coutinho (PSB), mesmo sem a concessão da vaga de vice-prefeito para um dos partidos aliados. Ao deixar o cargo para disputar a eleição estadual, Ricardo Coutinho deixou em seu lugar o até então desconhecido da população, o arquiteto Luciano Agra (PSB), que tinha sido seu secretário de planejamento.
Com a cassação do mandato de Cássio Cunha Lima em fevereiro de 2009, assumiu José Maranhão e o PT passou a ocupar o maior espaço institucional de sua história na Paraíba. O PSDB/DEM, que ficara fora do governo do Estado e das principais prefeituras, com um candidato cassado pela justiça eleitoral e outro envolvido em escândalos no senado, Efraim Morais teria muitas dificuldades na disputa com a base social e política do PT e do governo Lula no Estado. Teria, mas não teve.
Indiferente ao projeto nacional, o PSB, na Paraíba, rompeu com o bloco formado em 2006, buscando como aliados os nossos históricos adversários. Na chapa que formaram para a disputa majoritária, três dos quatro nomes são eleitores de José Serra: Cássio Cunha Lima e Efraim Morais, senadores e Rômulo Gouveia, vice-governador. O PSB foi a tábua de salvação dos opositores do governo Lula no Estado. Ricardo Coutinho é o candidato de José Serra na Paraíba.
A real disputa ainda é com o PSDB/DEM. O PSB, que teve metade dos votos para governo do Estado, elegeu apenas 03 dos 36 deputados estaduais. Destes 03, nenhum é oriundo de movimentos sociais ou da esquerda. PSDB/DEM elegeram 08 e o PPS 02 deputados. O PSB que teve quase um milhão de votos não conseguiu eleger nenhum dos 12 deputados federais. O PSDB/DEM elegeu 03 e outros 09 pelas coligações que dão apoio a Dilma.
Dos 223 municípios do Estado, José Serra ganhou apenas em um, Campina Grande, onde Ricardo Coutinho ficou com 66% dos 266.516 eleitores daquela cidade. Ou seja, a parcial vitória de Ricardo Coutinho no primeiro turno se deve ao voto conservador de oposição ao governo Lula. Segundo o Ibope, enquanto 73% dos eleitores de José Maranhão (PMDB) votam em Dilma, 54% dos eleitores de Ricardo Coutinho votam em José Serra.
A eleição presidencial na Paraíba está mais disputada do que esperávamos, a dobradinha Serra/Ricardo cresce e ganha mais visibilidade a cada dia, contra José Maranhão/Dilma. Não há fala pública de Ricardo Coutinho pedindo votos para Dilma, sua grande preocupação é tornar-se governador, não importa quem seja o presidente. Ricardo, que diz votar em Dilma, empenhou-se em eleger dois senadores de oposição ao nosso governo.
Muito se comenta que o PSB nacional faz pressões para que Dilma não passe na Paraíba nesta campanha. A Paraíba foi o segundo pior desempenho de nossa candidatura presidencial, ficando atrás apenas do Rio Grande do Norte, que elegeu a senadora Rosalba Ciarlini do DEM para governo do Estado. A ausência de Dilma na Paraíba está dando espaço para o crescimento de José Serra através da candidatura de Ricardo Coutinho. O coordenador da campanha de Ricardo Coutinho, neste segundo turno, é o tucano cassado Cássio Cunha Lima.
O PT aprovou, com apoio de cerca de 70% dos filiados, essa política. Voltou a crescer na Assembléia Legislativa, elegendo 03 deputados estaduais. No entanto, deputado federal Luiz Couto, que há exatos dez anos tentou expulsar Ricardo Coutinho do PT por infidelidade partidária, faz sistemática oposição às deliberações do partido, faz oposição ao governo do qual o partido é parte e faz campanha, inclusive com inserções no guia eleitoral, do candidato de José Serra.
Em um momento de crucial importância, em que o campo democrático e popular se empenha em derrotar a direita neoliberal, na Paraíba, o PSB promove a despolitização da política evitando a discussão de projetos políticos em nome do personalismo do “eu quero”, “eu posso”, “eu faço”. Fortalece a idéia, na população, de que políticos são de fato todos iguais e caso tenha êxito, além de trazer de volta à cena os PSDB/DEM, deixará a esquerda e os movimentos sociais em postura defensiva.
Certamente a aliança do PT com o PMDB apresenta gargalos, mas fortalece o nosso projeto nacional e visa derrotar os nossos adversários imediatos, abrindo mais espaços de disputas por parte dos movimentos sociais, visto que não se trata de um projeto pessoal.
domingo, 17 de outubro de 2010
Votou Marina? Levou Serra!
A candidata Marina Silva acaba de anunciar que ficará neutra neste segundo turno que ajudou a criar. Neutra? Alguém acredita em neutralidade na política? A senadora Marina Silva tem uma história de vida belíssima, muito conhecida e muito respeitada. Porém, em sua campanha para presidente, toda essa simbologia construída junto com Chico Mendes e diversos outros companheiros e companheiras no PT do Acre esteve a serviço de um projeto político ambíguo, para dizer de forma elegante.
Marina Silva defendia quando fazia parte do PT aliança com o PSDB. Durante sua campanha para presidente usou um discurso de “união nacional” no qual governaria com os “bons do PT” os “bons do PSDB”, os “bons do DEM”, etc. Este discurso, incrivelmente despolitizado teve e ainda tem muita repercussão no Brasil, não à toa, José Serra segue a mesma lógica. A eleição para presidente da República é a mais importante das eleições, na qual projetos políticos diferentes serão debatidos com a sociedade.
Mas, qual foi mesmo o projeto político apresentado por Marina Silva para a população? Sabemos de sua história no ambientalismo e aqui cabe uma ressalva. O ambientalismo de Marina Silva é aquele do Greenpeace e WWF, que Plínio de Arruda Sampaio genialmente chamou de ecocapitalismo, mas, nem isso ela assumiu. Marina Silva, que é neopentecostal da Assembléia de Deus, não assumiu a sua fé, também não assumiu que é a favor da concepção criacionista nas escolas, contra a união civil entre pessoas do mesmo sexo, bem como o sexo antes do casamento, etc.
O ambientalismo de Marina e do Partido Verde é como o movimento “paz pela paz”, no qual as pessoas se vestem de branco e fazem uma caminhada para mudar o mundo e assim podem dormir sossegadas sabendo que fizeram sua parte. O Partido Verde é o mesmo que faz parte do governo do DEM e do PSDB em São Paulo, é apêndice do PSDB no Rio de Janeiro e apêndice do DEM no Rio Grande do Norte, onde tem o seu cargo eletivo mais importante no Brasil, a prefeitura de Natal, com apoio de José Agripino.
Como um projeto ambíguo assim teve tanto espaço na grande mídia? Por que as concepções conservadoras de Marina não foram divulgadas e exploradas pela mídia? Ora, sem isso como é que o PSDB iria para o segundo turno?
A oposição ao governo Lula, governo do qual Marina fez parte por seis anos, disputou as eleições para presidente como quem disputava prefeitura de cidade do interior com dois mil eleitores. Nunca baixaram tanto o nível! Questões morais, de fórum íntimo, passaram a ser o centro do debate. Essa baixaria interessava ao PSDB que queria fugir da comparação com o PT e contou com o incondicional apoio de Marina Silva.
Então, como se dividem os 19,33% eleitores de Marina? Matutando por aqui, consigo identificar três tipos. Direi eleitores de Marina porque não eram eleitores do PV, que teve pífio desempenho parlamentar, por exemplo. Para todos os três tipos, eleição para presidente não tem nada a ver com as outras eleições: para governador, deputados federais, deputados estaduais e senadores.
O primeiro tipo é progressista, apresenta sinceras críticas ao governo do PT, mas não quer de volta o governo do PSDB. Com estes, não apenas o debate é possível como é necessário. Com estes podemos também discutir seriamente com sinceras críticas ao projeto político de Marina. Este setor do eleitorado de Marina agora vota e faz campanha para a Dilma, melhor mesmo do que muitos petistas!
O segundo tipo é o eleitor cristão-protestante-neopentecostal. Recebi vários e-mails e recados no Orkut de pessoas pedindo voto para Marina, não por conta de sua história de vida, não por sua defesa do meio-ambiente, não por críticas ao PT ou ao PSDB, mas porque ela é “uma mulher de Deus”, contra o casamento gay e o aborto, contra essa a “pouca vergonha” e a “idolatria” que está se tornando a sociedade. Com esse tipo de eleitor não dá para conversar. Não dá porque estão na Idade Média e para convencê-los apenas convencendo o pastor ou bispo de sua igreja.
O terceiro tipo do eleitor de Marina é o neo-udenista de classe média, de “esquerda” ou de “direita”. O neo-udenista de classe média é aquele que lê a Veja, aquele que gosta de ouvir o Arnaldo Jabor e suas palavras proparoxítonas que parecem inteligentes, é o pessoal que parece politizado e de fato são a cada dois anos. São aqueles que de tão críticos e analíticos se envergonham de assumir o voto no PSDB, mas quer ver o governo do PT derrotado. Gostam de coisas exclusivas, de falar de coisas exclusivas. Como vão fazer uma análise crítica sobre Tropa de Elite 2 se qualquer pé de chinelo pode ver o filme e discordar do que falaram? No segundo turno, os neo-udenistas de “direita” já estão engajados em eleger José Serra e os de “esquerda”, claro, votarão nulo.
E algum momento Marina Silva veio a público dizer que não queria crescer eleitoralmente com baixarias ou despolitização? Não, claro que não! Na verdade, ela não disse nada durante a campanha. Agora, depois de um breve ostracismo inicial, volta a ganhar destaque na mídia dizendo que ficará independente, mas independente de quem? Dos que pagavam o seu jatinho de cinqüenta milhões de dólares? Marina não entende ou não quer entender as diferenças entre os dois projetos que disputam o segundo turno? É no mínimo irresponsável. Agora que já não serve mais para a grande mídia será “+ 1” no ostracismo, ou vocês não lembram da Heloísa Helena? Como boa cristã, Marina deveria saber que não se serve a dois senhores ao mesmo tempo, que entre o quente e o frio, o morno é repugnante!
As pesquisas estão indicando que mais da metade dos eleitores de Marina Silva irão votar no José Serra. A soma do segundo e terceiro tipo de eleitor verde é maior do que o primeiro tipo. Na capa do último jornal Causa Operária está uma manchete que resume bem o quadro: “Votou Marina? Levou Serra”.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
"Socialismo" tucano
Inicialmente, durante o século XIX, o termo social-democracia referia-se aos revolucionários que lutavam para superar a sociedade capitalista e para a construção da sociedade socialista. Karl Marx e os marxistas, por exemplo, eram social-democratas. Já no século XX, com a Revolução Russa, o termo social-democracia referia-se ainda aos revolucionários que almejavam o socialismo, porém, os diferenciava dos Bolcheviques, vitoriosos em 1917, e que se baseavam em uma elaboração especifica do marxismo na Rússia czarista. Rosa Luxemburgo, por exemplo, fazia parte do Partido Social-Democrata Alemão.
Porém, logo em seguida, a social-democracia abandonou a idéia de revolução. Passaram a acreditar ainda na construção da sociedade socialista, mas, “por dentro” do capitalismo e sem rupturas. Essa posição reformista via a possibilidade de uma evolução ao socialismo a partir de realizações de reformas, mas com a aceitação das “regras do jogo” da democracia burguesa, o que resulta em sua legitimação. Karl Kautsky é o nome mais influente neste período da social-democracia.
Um quarto momento da social-democracia dá conta do abandono da idéia de construção do socialismo e aceitação do capitalismo, mas com um Estado de bem-estar social, o welfare state. O Partido Trabalhista na Inglaterra e Partido Social-Democrata Alemão são exemplos característicos desta proposta, na qual a partir da gestão do Estado capitalista, seriam implementadas políticas públicas de regulação econômica e de proteção social. Com a crise desse modelo passaram a flertar e, em alguns casos bem mais que isso, com o neoliberalismo.
Revolucionários ou reformistas (aqui excluo os neoliberais neófitos), os social-democratas faziam parte do movimento operário, tinham vínculos com a organização política das massas, apresentavam-se como alternativa política real às camadas populares. Agora esqueça tudo isso ao pensar no PSDB. Não há nenhuma ligação do Partido da Social Democracia Brasileira com a verdadeira social democracia.
O PSDB é um partido meramente parlamentar, que surgiu em 1988 de um racha do PMDB. Congregava personalidades de variadas matrizes ideológicas, mas nasce afirmando-se centro-esquerda. Em 1994 o PSDB chega à presidência da República aliado ao PFL/DEMo.
Desse casamento surgem privatizações do patrimônio público financiado por dinheiro público para empresas estrangeiras, escândalos com tráficos de influência na criação do Sistema de Vigilância da Amazônia, o caso PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional) no qual cerca de 30 bilhões do erário público foram “doados” a sete bancos privados! 120 bilhões de prejuízo aos cofres da União, constatados pelo TCU, no pagamento de precatórios no Departamento Nacional de Estradas e Rodagens em ações em andamento! Compra de deputados (da própria base do governo) para aprovação da emenda constitucional que permitia a reeleição, favorecendo o então presidente Fernando Henrique Cardoso. Os deputados João Maia e Ronivon Santiago confessaram, em ligações telefônicas em 1997, que receberam 200 mil reais cada um em esquema armado pelo então ministro das Comunicações, Sergio Motta, um dos fundadores do PSDB, para aprovação da emenda.
Em 8 anos de governo, os tucanos ainda estiveram envolvidos em outros diversos escândalos, como os do Banco Marka e FonteCidam e no desmantelamento da Sudene e Sudam, por exemplo. Estavam ainda empenhados em transformar a Petrobrás em Petrobrax, privatizando-a por completo. Mais que isso, quase acabaram com o Brasil. Ao aplicaram a receita neoliberal, não realizaram concursos públicos, sucatearam as universidades, privatizaram empresas estratégicas a preço de banana, empobreceram as classes média e trabalhadora. Para se ter uma idéia, o presidente FHC dizia que o brasileiro estava vivendo melhor porque estava consumindo mais frango, pasmem! Hoje, quando se pode comprar eletrodomésticos, computadores, carros e casa própria, podemos ver o quanto era ridículo e rebaixado o critério de FHC.
O PSDB representa também a criminalização de movimentos sociais, a tentativa de flexibilização das leis trabalhistas, retirando direitos do trabalhador, representa a falta de investimentos que, mesmo em situação de baixo consumo, comparada a hoje, levou o Brasil ao apagão, representa uma política externa que deixa o Brasil em situação subalterna. Fato que exemplifica bem a política externa do PSDB é quando, em 2002, em visita oficial aos Estados Unidos, o então chanceler Celso Lafer precisou tirar os sapatos para ser revistado e entrar naquele país, fato que se repetiu por três vezes! Hoje, o presidente dos Estados Unidos se refere ao nosso presidente como “o cara”, quanta diferença!!!
O PSDB representa tudo isso. Um Brasil que já superamos e que não queremos mais voltar. O atual candidato tucano José Serra só vence as pesquisas entre os mais ricos, prova de que apenas os ricos se beneficiam do Brasil proposto por José Serra, Fernando Henrique Cardoso e o PSDB. Cinicamente, dizem que o governo do presidente Lula deu continuidade às suas políticas, mas, se assim fosse verdade, além de não termos o mercado interno que temos hoje, o nosso chanceler, Celso Amorim, já estaria andando de sandálias por aí.
Onde estiver o PSDB, não podem estar as forças políticas progressistas e o campo democrático e popular. O PSDB não é nem nunca foi social-democrata! A volta do PSDB, ou mesmo o seu fortalecimento, significa uma derrota aos trabalhadores e aos movimentos populares que precisariam assumir uma postura defensiva. Registrado sob o número 45, o PSDB é inimigo de todos que querem um Brasil soberano e no caminho da construção da igualdade social. Na Paraíba, neste segundo turno, o PSDB apóia e vota em Ricardo Coutinho. O PSDB indica o vice-governador na chapa de Ricardo Coutinho. O coordenador da campanha de Ricardo Coutinho é Cássio Cunha Lima, ex-governador cassado, do PSDB. Eu não tenho nada a ver com o PSDB e você?
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Os "democratas"
Em 1945, surge no Brasil a UDN. A União Democrática Nacional era um partido político conservador com uma base social emergente no país ao fim da Segunda Guerra Mundial: a classe média urbana. Na política internacional iniciava-se a Guerra Fria entre as duas potências político-militares, a União Soviética e os Estados Unidos. Nesta disputa, o termo democracia era utilizado pelo mundo ocidental capitalista em oposição ao socialismo burocrático do leste europeu.
Como um bom partido de direita, a UDN trazia para si o ideal democrático e procurava acuar a esquerda na política brasileira como anti-democrática. Aliás, até hoje a direita tenta fazer o mesmo. Mas, a democracia que advogam não é democrática, porque é a democracia dos ricos, sem povo, resumida a eleições e baseada em instituições que impedem a participação popular. A democracia da UDN é, no máximo, o clássico liberalismo político, que não se estende para as demais esferas da sociedade como a economia, por exemplo.
Entre 1945 a 1964, a UDN fez oposição às políticas trabalhistas de Vargas, às Reformas de Base de João Goulart e apoiou o golpe cívico-militar que instalava a ditadura. Sim, deram apoio a um golpe de Estado que instalou uma ditadura mesmo sendo “democráticos”. A direita só é democrática até quando lhes interessa, prova a história.
Um de seus mais influentes líderes era o jornalista Carlos Lacerda que atuava ferozmente em nome da moralidade, contra a corrupção, tentou impedir a posse de Juscelino Kubitschek, tentou derrubar Jânio Quadros – que depois caiu sozinho - e foi um dos articuladores civis do golpe de 1964. Como governador do antigo Estado da Guanabara fez um governo cosmético para a classe média emergente e consumidora, mas, foi traído pelos milicos e foi cassado em 1968.
Após o golpe de 1964, os quadros mais destacados foram para a ARENA, Aliança Renovadora Nacional, o partido que dava apoio político e social aos ditadores! A classe média democrática e seus aliados conservadores davam sustentação a um regime político que prendeu, torturou, assassinou e exilou milhares de brasileiros e brasileiras.
Em 1980 com o fim do bipartidarismo, a ARENA torna-se PDS, Partido Democrático Social, mesmo sendo base política do ditador João Batista Figueiredo. Mas, repararam que o D de democracia está outra vez?
Logo, os quadros do PDS migram em massa para o PFL, fundado em 1985. O Partido da Frente Liberal, assumidamente de direita, congregava o que havia de pior na política nacional. O que há da pior na visão de alguém de esquerda, tenho dito. Os latinfundiários do Nordeste eleitos com o clientelismo e voto de cabestro, os desmatadores e matadores do Centro-Oeste, a direita urbana e ideológica defensora do livre mercado.
Em 2007, desgastado e desacreditado, o PFL muda de nome e passa a se chamar Democratas, pode? Isso, desde 1945, a direita, não apenas no Brasil, disputa a noção de democracia porque esse regime político traz em si o valor de poder popular. O DEMo forma hoje com o PSDB um bloco político em franca decadência e que tem na grande mídia e no mercado financeiro a sua força social. O DEMo é o partido do primeiro governador preso na história desse país, o José Arruda no Distrito Federal.
A UDN-ARENA-PDS-PFL-DEM, registrado com o número 25, em épocas de diminuição da desigualdade social, o que de fato fortalece a democracia, encontra dificuldades para sobreviver. Caiu de 84 deputados federais em 2002, 65 em 2006 e para 43 em 2010. Por tudo o que é e significa, onde está o DEMo não podem estar as forças progressitas, democráticas e populares. Na Paraíba, neste segundo turno, o DEMo apoia e vota em Ricardo Coutinho, fazem parte da mesma coligação! Eu não tenho nada a ver com esse partido e você?
domingo, 10 de outubro de 2010
Um candidato original
Abelardo Barbosa, o Chacrinha, dizia que na TV nada se cria e tudo se copia. Na política não precisa ser assim, não é mesmo? A campanha para governo do Estado na Paraíba está no segundo turno. O candidato Ricardo Coutinho do PSB/DEM/PSDB começou a campanha dizendo que o povo da Paraíba “não se rende e não se vende”, palavras na verdade da alagoana Heloísa Helena.
Em seguida, falou que a “esperança venceu o medo” referindo à sua vitória parcial no primeiro turno com um pouco mais de oito mil votos de diferença. Esta frase foi dita pela presidente Lula em 2002 respondendo a “eu tenho medo” dita pela Regina Duarte a serviço do PSDB/DEM, os aliados de Ricardo Coutinho na Paraíba de agora. Fazer campanha da esperança junto com aqueles que fazem a campanha do medo não é complicado?
Continuando o seu “criativo” discurso, o candidato de José Serra na Paraíba disse que quer ser eleito para fazer o Estado crescer “quarenta anos em quatro”. Será que tem alguma coisa a ver com a famosa palavra de ordem desenvolvimentista do presidente JK que dizia o Brasil cresceria “cinqüenta anos em cinco”? Complicado mesmo é ter projeto desenvolvimentista indo para o segundo turno com os votos dos neoliberais.
Por fim Ricardo Coutinho falou que a “verdade libertará” a Paraíba com a sua vitória. Tudo bem que graças às baixarias da campanha de José Serra e Marina Silva, propagando mentiras de cunho moral e religioso a campanha presidencial foi para o segundo turno. Tudo bem que a adoração de personalidade realizada pelos ricardistas é um fenômeno bem conhecido na Paraíba, mas se comparar a Jesus Cristo na falta de discurso próprio já é um pouco demais, não acha? Ah, não preciso dizer que nenhum crédito foi dado aos verdadeiros pais das idéias centrais do discurso do candidato.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Dia 03 de outubro
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Os apocalípticos
Por Valter Pomar
FHC não se conforma com a vitória de Dilma e adota um discurso cada vez mais cavernícula
Há nove candidaturas disputando a presidência da República: Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores: José Serra, do Partido da Social Democracia Brasileira; Marina Silva, do Partido Verde; Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL; José Maria de Almeida, do PSTU; Ivan Pinheiro, do PCB; José Maria Eymael, do PSDC; Levy Fidelix, do PRTB; e Rui Costa Pimenta, do PCO.
As seis últimas candidaturas, somadas, não alcançam 2% de intenções de voto nas pesquisas publicadas até agora. A candidatura de Marina Silva vem oscilando, dependendo da pesquisa e do momento, entre 5 e 10 pontos. As candidaturas de Dilma e Serra, somadas, chegam a 80% das intenções de voto.
No fundamental, este cenário eleitoral confirma a avaliação feita, já em 2009, segundo a qual a eleição presidencial seria marcada pela polarização PT versus PSDB; a candidatura Dilma viria em ascensão; a candidatura Serra se manteria estagnada, ainda que mantendo um apoio eleitoral significativo.
Mas o cenário deste setembro traz, também, uma novidade importante: a partir de agosto e até agora, a candidatura Dilma não interrompeu sua ascensão. O impacto psicológico disto, sobre as fileiras adversárias, foi tão grande, que a candidatura Serra começou a perder apoios. Ao mesmo tempo, não teve o êxito pretendido a operação financeira e midiática em favor da candidatura Marina, visando levar a eleição presidencial para o segundo turno. Resultado: discute-se abertamente a possibilidade de a eleição presidencial ser decidida já no primeiro turno, com a vitória de Dilma Roussef.
Mantra
Esta possibilidade existe e não devemos desperdiçá-la. Mas, para que se torne possível o que não é o mais provável, é essencial não subir no salto, nem baixar a guarda.
Afinal, embora a candidatura Serra esteja enfrentando dificuldades políticas, ela tem meios para fazer operações especiais que, como em 2006, podem levar a eleição para o segundo turno.
As dificuldades políticas da direita têm duas causas fundamentais. A primeira delas é muito simples: a maior parte do povo brasileiro está vivendo melhor e relaciona isto às políticas adotadas pelo governo Lula, com quem ademais mantém uma identidade de classe.
A segunda delas é mais complexa, embora não tanto: a oposição de direita propaga e em parte acredita que os êxitos do governo Lula estão baseados nos supostos êxitos do governo FHC.
Segundo Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda de FHC, o mesmo seria dito por “vozes sensatas” do PT, como Antonio Palocci (“os ganhos obtidos pelo Brasil a partir de 2003 se assentaram sobre avanços e resultados realizados em governos anteriores (…). Fazer tabula rasa destas contribuições seria atentar contra a própria história do País”) e Paulo Bernardo (“Não tenho dúvidas de que o Brasil evoluiu positivamente ao longo dos últimos 15 anos”).
Mas, apesar desses bolsões sensatos, a oposição sabe que o povo não pensa assim, até porque conhece os efeitos de uma e outra política no emprego e nos salários, por exemplo. E percebe que eventual evolução positiva se deu apesar das políticas tucanas, não graças a elas.
Como o povo rejeita a herança maldita, Serra evita defender o “legado FHC”, foge da comparação entre os dois governos e dá prioridade à tentativa de desconstituir a imagem de Dilma, apostando que assim conseguiria evitar a transferência de votos em favor da candidata do PT. Parece incrível, mas na cabeça de Serra, ele seria a “continuidade com segurança”.
Registre-se que Marina e Plínio também embarcaram na tentativa de desconstituir Dilma.
A candidata verde disse o seguinte, ao jornal O Estado de S. Paulo: “Nós conhecemos o presidente Lula, a gente conhecia o Fernando Henrique Cardoso, a gente conhece o Serra – eu discordo dele, mas conheço. O povo pode até discordar de mim, mas me conhece. Eu estou aí há 16 anos na política nacional. Mas, com todo respeito à ministra Dilma, nós não conhecemos ela nesse lugar de eleita. Conhecemos como ministra de Minas e Energia, da Casa Civil e até respeitamos o trabalho dela, mas daí a ser presidente da República?”
O candidato do PSOL, durante um debate promovido pela rede Canção Nova, disse que “toda a comunidade cristã conhece ao Serra, a mim e à Marina”. Já Dilma foi classificada como uma “incógnita, que foi inventada pelo Lula”.
Como era de se esperar, a operação de desconstituição promovida por Serra e seus aliados é mais violenta: inclui tratar Dilma como grosseira e autoritária (como fizeram os apresentadores do Jornal Nacional), apresentá-la como violenta terrorista (técnica adotada especialmente na internet), adepta do jogo sujo (dossiês, quebras de sigilo), tecnocrata, centralizadora e tudo mais, inclusive o contrário disto tudo: uma candidata inventada, um preposto de Lula.
A polêmica em torno da quebra do sigilo fiscal de Verônica Serra, Eduardo Jorge e outros faz parte deste contexto. Há fortes indícios de que a operação fez parte da disputa interna no tucanato, entre Serra e Aécio. Mas sua repercussão atual, na qual se atribui ao PT a iniciativa, cumpre um triplo papel: tentar levar a disputa presidencial para o segundo turno; reunir elementos para questionar legalmente a candidatura Dilma; e colocar em questão a legitimidade de nossa vitória, seja no primeiro, seja no segundo turno.
Serra, setores do Judiciário e dos meios de comunicação estão envolvidos nesta operação. Motivo adicional para não baixarmos a guarda: lembrar de 2006 deve ser repetido como mantra.
Futuro
Exceto por uma reviravolta imponderável, Dilma será eleita presidenta da República, seja no primeiro, seja no segundo turno. A questão estratégica é saber qual o conteúdo programático: o que esta vitória projeta para o futuro?
Ao longo da campanha, Dilma afirmou um compromisso, composto de duas ações articuladas: continuar é continuar mudando. Por diversas razões, o acento principal foi na continuidade; e o tema das mudanças acabou ficando em segundo plano.
A campanha tratou de forma defensiva temas importantes como a reforma política, a reforma tributária e a democratização da comunicação social, para ficar apenas nestes casos. Isto, mais a composição da coligação, apontam para um governo mais comprometido com a continuidade, sem que fique claro no que vamos continuar mudando.
Claro que continuar mudando dependerá e muito da correlação de forças que emergirá das urnas: a composição do Senado, da Câmara, dos governos estaduais e das assembléias legislativas. Visto de agora, tudo indica que teremos uma maioria governista, mas não teremos uma maioria de esquerda (entendendo por isto basicamente o PT, o PCdoB, o PSB e o PDT).
Este é um dos motivos pelos quais devemos fazer de tudo, nesta reta final de campanha, para fortalecer o desempenho do PT, de nossas candidaturas a governador, ao Senado, à Câmara e às Assembléias estaduais.
Outras variáveis vão incidir na conduta do próximo governo. Uma destas variáveis é a conjuntura internacional, que segue combinando elementos de crise econômica prolongada e provocações militares por parte dos Estados Unidos. Outra das variáveis é a postura das oposições. Já vimos, em 2005, como uma atitude da oposição pode influenciar a postura do governo.
À luz das eleições de 2010, o que podemos dizer sobre o que farão as oposições ao longo dos próximos anos?
A oposição de esquerda, ao que tudo indica, colapsou. A aposta que fizeram no fracasso do governo Lula, no desmanche do PT, num discurso para-udenista, não rendeu frutos eleitorais, nem conseguiu construir um pólo social de oposição. Pelo contrário: em diversos momentos aliaram-se à oposição de direita, enfraqueceram as posições de esquerda no interior do PT e acabam passando para a sociedade uma imagem caricatural do socialismo, prejudicando mais do que ajudando as posições de esquerda.
Se a oposição de esquerda colapsou, a oposição de direita está em surto, como se depreende da leitura dos trechos abaixo, parte de textos escritos recentemente por colunistas eleitores de Serra:
“A quebra do sigilo é um aviso de que o Estado democrático de Direito está em crise de que um Estado totalitário se aproxima”
(Ricardo Caldas, Folha de S. Paulo, 8 de setembro)
“O lulismo desqualifica a política. E abre caminho para o autoritarismo.”
(Marco Antonio Villa, Folha de S. Paulo, 8 de setembro)
“(…) uma entidade institucional inédita, personificada por Lula. Semelhante, neste aspecto, a um aiatolá, atuando de fora para dentro do governo (…) a democracia brasileira adentrará uma quadra histórica não isenta de riscos (…) controle social da mídia é eufemismo para intervenção em empresas jornalísticas e imposição de censura prévia” (…) Estamos nas “cercanias de um regime autoritário” (…) “chavismo branco” ou “regime mexican style” (…)
(Bolívar Lamounier, O Estado de São Paulo, 24 de agosto)
“Estão criadas as condições para o surgimento de uma versão brasileira –com duas faces, a do PT e a do PMDB — da “ditadura perfeita” vivida pelo México décadas a fio sob o controle do PRI.”
(Editorial do jornal O Estado de São Paulo, 24 de agosto)
A declaração mais recente nesta linha foi dada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que no dia 14 de setembro teria afirmado (segundo divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo) que o presidente Lula virou “um militante e um chefe de uma facção”, o que (segundo FHC) “extrapola o limite do estado de direito democrático”.
Se realmente FHC disse o que a Folha lhe atribui, baixou nele um espírito cavernícula: “Faltou quem freasse o Mussolini. Alguém tem que parar o Lula”. Pelo visto, o tucano resolveu brincar com fogo, pois é difícil imaginar um significado inocente para a expressão “parar o Lula”.
Se mantiver este discurso, esta oposição apocalíptica cumprirá um papel político importante, mas só terá chances eleitorais em 2012 e 2014 se a situação econômico-social desandar completamente. Motivo pelo qual é provável que a direita social (ou seja, o grande empresariado e os setores médios conservadores) aposte suas fichas no PMDB, que já se ofereceu inclusive para abrigar Aécio Neves.
Neste sentido, precisamos ter um olho no peixe e outro no gato. E, não importa qual seja o resultado da eleição congressual, para reduzir as chances de que o aliado de hoje se torne o inimigo de amanhã, o PT deve dar mais organicidade à sua relação com os demais partidos de esquerda (PCdoB, PSB, PDT). Há quem defenda, até, a constituição de uma “frente ampla” semelhante à que existe no Uruguai.
E o que será do PT, neste contexto? Sobre isto, há muito o que debater e reformar. Apenas como aperitivo, podemos apontar duas incógnitas e duas certezas.
As incógnitas são: que papel Lula terá no próximo período; e que organicidade terá a relação entre a companheira Dilma, uma vez eleita presidente, e seu Partido?
As certezas são: o Partido dos Trabalhadores sairá desta eleição mais importante e mais desenvolvimentista do que entrou.
Vale lembrar que o PT surgiu em 1980, criticando não apenas a ditadura, mas também o desenvolvimentismo, apresentando uma alternativa democrático-popular e socialista. Já em 2002, o programa com que Lula disputou as eleições foi de transição para o pós-neoliberalismo. Entre 2003 e 2005, esta transição foi contida e dominada pelos social-liberais, sob comando de Antonio Palocci. Mas a partir de 2005 e até hoje, os setores desenvolvimentistas vêm ganhando espaço. A tal ponto que, recentemente, até mesmo candidatos da esquerda petista incluíram, em seu material de propaganda, a defesa de um “modelo econômico centrado no capitalismo produtivo”.
Claro que é melhor um partido hegemonizado por desenvolvimentistas, do que por social-liberais. Mas sem reformas estruturais, o desenvolvimentismo brasileiro será sempre conservador (ou seja, para cada ganho dos de baixo, muito mais ganho nos de cima). Em nosso país, 20 mil famílias controlam 46% da riqueza; 1% controla 44% das terras; 59% não tem acesso à esgoto e água tratados! E, desenvolvimentista ou não, o capitalismo será sempre… capitalista.
Para mudar esta situação, precisamos fazer reformas estruturais: reforma tributária, para que os ricos paguem impostos; reforma urbana, para que todos possam morar bem; reforma agrária, para que os alimentos sejam cada vez mais baratos; reforma política, para que os mandatos não sejam comprados, nem vendidos; democratização da comunicação, para que haja informação de qualidade; sistema único de saúde e educação pública e gratuita, retirando estas e outras ações da esfera mercantil.
Noutras palavras: neste PT mais importante que emergirá das eleições de 2010, continua sendo indispensável uma forte esquerda socialista, que defenda reformas estruturais, que compreenda o papel estratégico da luta social e do próprio Partido.
Por isto, nesta reta final, além de não baixar a guarda, ampliar a votação do PT, dar organicidade ao campo democrático-popular, é também fundamental ampliar a votação e o número de parlamentares comprometidos com continuar mudando. Mudando muito e rápido.
Valter Pomar é membro do Diretório Nacional do PT
In: http://pagina13.org.br/?p=4169
O futuro da esquerda
Por Wladimir Pomar
O fim da civilidade, decretado pela direita tucano-pefelista, neste último mês de campanha, está trazendo à luz pelo menos três aspectos da realidade brasileira.
Primeiro, a natureza reacionária e antidemocrática dos novos representantes políticos da burguesia financeira e da burguesia agrária. Segundo, a oposição de grandes parcelas das camadas populares e das classes médias a tal reacionarismo. E, terceiro, as clivagens da esquerda diante dessa polarização.
A nova direita política é, em grande parte, formada por parcelas oriundas da intelectualidade política democrática e de esquerda que se defrontou com a ditadura militar. No curso da emergência das lutas operárias e populares e da formação do PT, assim como da ofensiva ideológica e política do neoliberalismo, muitos de seus membros se transformaram no oposto do que representaram no passado.
Com isso, repetem uma experiência histórica peculiar da esquerda brasileira, que teve em Carlos Lacerda seu expoente mais significativo. Quem conheceu esse personagem da história brasileira certamente se lembrou dele ao assistir ao candidato Serra deblaterando sobre a suposta tolerância de Lula com “quem rouba”, e qualificando a candidata Dilma de “envelope fechado”. A grande desvantagem de Serra é que não tem a oratória de Lacerda, nem um ambiente de conspiração militar generalizada. Mas a natureza golpista e reacionária é a mesma.
Essa truculência tucano-pefelista também está colocando em evidência algo que uma parte da esquerda se nega a ver. Isto é, que grandes massas do povo brasileiro consideram as atuais eleições como um acerto de contas com a herança de FHC e depositam uma firme confiança em Lula e no PT. Ou seja, além de encararem as atuais eleições como polarizadas e plebiscitárias, grandes parcelas do povo estão convictas de que as mudanças implantadas pelo governo Lula, mesmo contendo erros e problemas, relacionados ou não com suas alianças políticas, apontam para um caminho seguro de transformação social e política.
Uma parte da chamada esquerda democrática se encontra perdida na enseada tucano-pefelista, sem se dar conta de que está dormindo com o inimigo. É doloroso ver candidatos dessa esquerda, com discursos de mudanças democráticas e populares, sendo apresentados por FHC, Serra, César Maia e outros personagens que quase quebraram o Brasil e levaram o povão ao desemprego e à miséria.
A parte da esquerda que se considera revolucionária está na oposição. Embora procure se distanciar da direita que também é oposição, seu inimigo principal e alvo de seus ataques tem sido o governo Lula e a esquerda que apóia Dilma. Na prática, o povão acaba confundindo-a com seus inimigos de direita.
A maior parte da esquerda, que apóia Dilma, também se debate diante da realidade complexa do país. Isto parece ser mais evidente dentro do PT, onde havia uma corrente que pregava abertamente a impossibilidade de uma eleição polarizada e trabalhava para construir pontes com o tucanato. A evolução da campanha eleitoral, apesar da ausência de ataques petistas ao tucanato, está demonstrando que aquela corrente estava totalmente enganada, pelo desconhecimento da natureza antidemocrática e reacionária do tucano-pefelismo.
Também é dentro do PT que continuam se apresentando brechas relacionadas com a tibieza em adotar procedimentos ideológicos, políticos e organizativos condizentes com um partido de esquerda que quer transformar o Estado e a sociedade. Um partido desse tipo não pode ter aloprados, filiados facilmente cooptáveis por dinheiro fácil, nem agentes infiltrados que possam navegar tranqüilamente por suas fileiras. Se o PT não adotar procedimentos que o blindem contra os arrivistas e oportunistas que procuram fazer carreira em qualquer partido que seja governo, aquelas brechas podem se tornar voçorocas, deixando-o indefeso diante das armações que tendem a crescer nas disputas institucionais.
Nessas condições, a vitória do PT e Dilma não representará apenas um acerto de contas com a ideologia e as políticas neoliberais, condensadas na candidatura Serra. Nem apenas um impacto muito sério na esquerda que se aliou à direita, formal ou informalmente, nos ataques ao governo Lula e à candidatura Dilma. Ela deverá representar também uma reestruturação ideológica, política e organizativa do PT, se esse partido quiser enfrentar com sucesso os desafios para aprofundar as mudanças democráticas, econômicas e sociais que as camadas populares reclamam.
Wladimir Pomar é escritor e analista político.
In: http://pagina13.org.br/?p=4174
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Dando um tempo
sábado, 24 de julho de 2010
Atenção e canja de galinha não fazem mal a ninguém
Dentro das regras do jogo de uma democracia que não é democrática nenhuma ou pouquíssimas mudanças podem ser operadas. A eleição de Barack Obama, em meio à maior crise do modo capitalista de produção desde 1929 indica ao mesmo tempo desgaste do liberalismo econômico e domesticação das tentativas de modificação, mesmo que nos moldes do capitalismo. Para os Republicanos aliados de Bush Obama é um socialista.
Pensando no lobby, atividade legal nos EUA, realizado pela indústria bélica junto à secretaria de defesa do governo estadunidense lembra-se do que canta Renato Russo em A canção do Senhor da Guerra: “a guerra gera emprego, aumenta a produção (...) sempre avança a tecnologia” de modo que, sempre a guerra é alternativas às crises econômicas.
Atualmente, o Império do Norte, mesmo que não tenha mais força para impor a pax americana encontra-se em empreendimento bélico no Médio Oriente contra o “terrorismo”, ensaia exercícios perto da Coréia contra atrevimentos “nucleares” e certamente pode voltar-se para a América Latina contra as “drogas”, mas sempre garantindo mercados, sem aspas. Afinal, alguém acha que os nossos recursos naturais, entre eles os hídricos, não seriam transformados também em mercadorias? Espero que os privatizadores do PSDB e seus sucursais do PV não nos governem para que tenhamos um tira teima.
Como ele advinhou?
Ontem o instituto Vox Populi divulgou pesquisa em que a Dilma aparece com 41% e o Serra com 33%, ou seja, 8 pontos percentuais de diferença. Em seu portal o jornalista Paulo Henrique Amorim antecipava que Serra iria reagir, no Datafolha. E eis o que disse PHA:
"O Jornal da Band divulgou pesquisa da Vox Populi.
Dilma está na frente: 41 a 33.
Serra não sai dos 30% desde 2002.
Na espontânea, ou seja, quando o entrevistado toma a iniciativa de dizer em quem vai votar, Dilma ganha de 28% a 21%.
O candidato mais “rejeitado” é jenio.
Mas, isso vale por um dia.
Serra vai reagir de hoje para amanhã.
O Datafolha mostrará que Serra, na verdade, já ganhou a eleição.
É o que o Serra chama de “empate técnico”.
Aliás, para o Datafolha e o Globope o Serra já ganhou a eleição desde 2002".
E bingo!
"Em menos de 24 horas, o jenio reagiu.
Na sexta-feira à noite, ele sofria uma derrota acachapante de 41 a 33 – Dilma bate Serra por oito pontos, mas Serra vai reagir no Datafalha.
No sábado de manhã, a Folha (*) registra o tal “empate técnico” entre Dilma e Serra.
(...)
Trata-se de um fenômeno extraordinário.
Em menos de 24 horas a opinião pública brasileira joga fora oito pontos percentuais de diferença.
O que terá havido no intervalo entre o Vox e a Datafalha ?
O ovo dirigido ao Serra no Mercado Municipal de Florianópolis ?
O processo que o Fernando Pimentel vai mover contra ele por causa das FARC ?
A escolha do Mano Menezes ?
O Stallone ?
O William Waack ?"
In: http://www.conversaafiada.com.br/
sexta-feira, 23 de julho de 2010
O que será que será?
O presidente venezuelano Hugo Chávez acaba de romper relações diplomáticas com a Colômbia após acusação de seu presidente, o direitista Álvaro Uribe, durante reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA) de que a Venezuela apóia e esconde guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Não é novidade, vide Bush em 2001, que a escolha ou identificação de um inimigo externo serve para arregimentar ou dar coesão às forças internas. No caso de Uribe, em fim de mandato, é uma tentativa de permanecer relevante na política colombiana e continuar aglutinando o grupo social conservador que o deu apoio durante seu mandato.
Outro elemento depreendido da duvidosa acusação colombiana é o alinhamento com a política externa dos Estados Unidos. Os Yankees não só puseram a IV Frota em movimento no Atlântico Sul, como têm instaladas na Colômbia bases militares sobre o pretexto de combater o narcotráfico.
No Brasil, o presidenciável neoliberal José Serra fez acusações à Bolívia, de que ela permite a entrada em nosso país de grande parte das drogas ilícitas aqui consumidas. Será que ele vai sugerir bases militares do Brasil na Bolívia também? Porque, conclui Serra, o Brasil tem sido complacente com a leniência do governo boliviano com os negócios brasileiros naquele país e que é um erro o BNDES está investindo no país de Evo Morales.
Somem-se a isso as recentes declarações do vice-presidenciável na chapa de Serra, o deputado federal pela UDN-ARENA-PDS-PFL-DEM do Rio de Janeiro, Índio da Costa, mais conhecido como o famoso quem, de que o PT tem ligação com as FARC lá na Colômbia.
Levando em conta a terceira lei de Newton, a direita em nosso continente reage, não deixando dúvidas de que o atual momento político é de polarização. Há muito em jogo, já que uma América Latina majoritariamente progressista interfere positivamente em toda política internacional, apresentando alternativas ambientais, econômicas e sociais às demais partes do globo e fortalecendo os laços SUL-SUL, entre os países do hemisfério mais fragilizado na ordem capitalista.
A vitória da candidatura de Dilma Rousseff, que tem apoio declarado de Hugo Chávez, é de fundamental importância para acuar as forças neoliberais e permitir o avanço do campo democrático e popular, no Brasil e na América Latina.