Páginas

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Ai que vida boa, ô lerê, ai que vida boa, ô lará!

Faz tão pouco tempo que podemos votar para presidente. Durante mais de vinte anos, depois de um golpe cívico-militar, o Brasil foi governado por uma ditadura. Faz tão pouco tempo que nós podemos conversar sobre política, defender nossas idéias, atuar por elas e em nome delas sem o medo de ser preso, torturado, exilado ou mesmo perder a vida.

Em “Vai passar” Chico Buarque registra a pouca memória dos mais jovens a respeito de um passado de explorações, violências e “tenebrosas transações”. Mas, anuncia a passagem de um samba popular no qual os famintos e retintos dançarão e cantarão “a evolução da liberdade até o dia clarear”.

A partir de janeiro próximo, não apenas seremos governados por uma mulher, o que por si só já um feito histórico em um país tão machista. Mas, seremos governados por uma mulher de esquerda, guerreira, que sabe bem quem são os nossos inimigos, os inimigos da democracia política e social. A futura comandante-em-chefe das Forças Armadas já foi presa e torturada nos quartéis e porões da ditadura. É simplesmente encantador saber que seremos governados por uma mulher que lutou, arriscando a sua própria vida, pelo nosso país e pelo nosso povo.

Hoje, sabemos que a democracia política sem a democracia social é manca. Hoje sabemos que a democracia que queremos não é apenas uma formalidade, mas a construção da igualdade social. Sabemos também que a tentativa de democratização da sociedade sofre feroz oposição daqueles que nunca reclamaram da existência da pobreza, que nunca reclamaram dos preconceitos e explorações que feriam e ainda ferem nosso povo. E, pasmem, estes cínicos reclamam da democratização da sociedade em nome de uma suposta “democracia” bem particular que acha feio tudo o que não é espelho.

Temos muito ainda por fazer. Sabemos que estar no governo federal não é necessariamente está no poder. Os conservadores, a alta burguesia e filhotes da ditadura estão mais vivos que nunca. Os próximos quatros anos serão possivelmente mais tensos e a militância política de cada um de nós será decisiva para que o Brasil e nossa América Latina prossiga mudando. Mas, como é bom lutar pelo o que se acredita! Salve, salve Dilma! Viva os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil!