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sábado, 23 de outubro de 2010

Quando a parte quer ser maior que o todo: eleições 2010 na Paraíba

A Paraíba teve o primeiro turno mais disputado do país. O candidato Ricardo Coutinho (PSB/DEM/PSDB) alcançou 942.121 votos ou 49,7%, contra 933.754 ou 49,3% de José Maranhão (PMDB/PT/PCdoB), um pouco mais de oito mil votos de diferença. Dilma Rousseff ficou com 53,21% dos votos válidos no Estado.

Essa polarização também ocorreu em 2006 quando José Maranhão disputou pelo bloco PMDB-PSB-PT-PCdoB contra Cássio Cunha Lima do PSDB-DEM. Naquele contexto, de reeleição do presidente Lula, o PT/PB abriu mão de candidatura própria e indicou o vice-governador da chapa encabeçada pelo PMDB.

Em 2008, o bloco PMDB-PSB-PT-PCdoB permaneceu coeso na reeleição do então prefeito da capital, Ricardo Coutinho (PSB), mesmo sem a concessão da vaga de vice-prefeito para um dos partidos aliados. Ao deixar o cargo para disputar a eleição estadual, Ricardo Coutinho deixou em seu lugar o até então desconhecido da população, o arquiteto Luciano Agra (PSB), que tinha sido seu secretário de planejamento.

Com a cassação do mandato de Cássio Cunha Lima em fevereiro de 2009, assumiu José Maranhão e o PT passou a ocupar o maior espaço institucional de sua história na Paraíba. O PSDB/DEM, que ficara fora do governo do Estado e das principais prefeituras, com um candidato cassado pela justiça eleitoral e outro envolvido em escândalos no senado, Efraim Morais teria muitas dificuldades na disputa com a base social e política do PT e do governo Lula no Estado. Teria, mas não teve.

Indiferente ao projeto nacional, o PSB, na Paraíba, rompeu com o bloco formado em 2006, buscando como aliados os nossos históricos adversários. Na chapa que formaram para a disputa majoritária, três dos quatro nomes são eleitores de José Serra: Cássio Cunha Lima e Efraim Morais, senadores e Rômulo Gouveia, vice-governador. O PSB foi a tábua de salvação dos opositores do governo Lula no Estado. Ricardo Coutinho é o candidato de José Serra na Paraíba.

A real disputa ainda é com o PSDB/DEM. O PSB, que teve metade dos votos para governo do Estado, elegeu apenas 03 dos 36 deputados estaduais. Destes 03, nenhum é oriundo de movimentos sociais ou da esquerda. PSDB/DEM elegeram 08 e o PPS 02 deputados. O PSB que teve quase um milhão de votos não conseguiu eleger nenhum dos 12 deputados federais. O PSDB/DEM elegeu 03 e outros 09 pelas coligações que dão apoio a Dilma.

Dos 223 municípios do Estado, José Serra ganhou apenas em um, Campina Grande, onde Ricardo Coutinho ficou com 66% dos 266.516 eleitores daquela cidade. Ou seja, a parcial vitória de Ricardo Coutinho no primeiro turno se deve ao voto conservador de oposição ao governo Lula. Segundo o Ibope, enquanto 73% dos eleitores de José Maranhão (PMDB) votam em Dilma, 54% dos eleitores de Ricardo Coutinho votam em José Serra.

A eleição presidencial na Paraíba está mais disputada do que esperávamos, a dobradinha Serra/Ricardo cresce e ganha mais visibilidade a cada dia, contra José Maranhão/Dilma. Não há fala pública de Ricardo Coutinho pedindo votos para Dilma, sua grande preocupação é tornar-se governador, não importa quem seja o presidente. Ricardo, que diz votar em Dilma, empenhou-se em eleger dois senadores de oposição ao nosso governo.

Muito se comenta que o PSB nacional faz pressões para que Dilma não passe na Paraíba nesta campanha. A Paraíba foi o segundo pior desempenho de nossa candidatura presidencial, ficando atrás apenas do Rio Grande do Norte, que elegeu a senadora Rosalba Ciarlini do DEM para governo do Estado. A ausência de Dilma na Paraíba está dando espaço para o crescimento de José Serra através da candidatura de Ricardo Coutinho. O coordenador da campanha de Ricardo Coutinho, neste segundo turno, é o tucano cassado Cássio Cunha Lima.

O PT aprovou, com apoio de cerca de 70% dos filiados, essa política. Voltou a crescer na Assembléia Legislativa, elegendo 03 deputados estaduais. No entanto, deputado federal Luiz Couto, que há exatos dez anos tentou expulsar Ricardo Coutinho do PT por infidelidade partidária, faz sistemática oposição às deliberações do partido, faz oposição ao governo do qual o partido é parte e faz campanha, inclusive com inserções no guia eleitoral, do candidato de José Serra.

Em um momento de crucial importância, em que o campo democrático e popular se empenha em derrotar a direita neoliberal, na Paraíba, o PSB promove a despolitização da política evitando a discussão de projetos políticos em nome do personalismo do “eu quero”, “eu posso”, “eu faço”. Fortalece a idéia, na população, de que políticos são de fato todos iguais e caso tenha êxito, além de trazer de volta à cena os PSDB/DEM, deixará a esquerda e os movimentos sociais em postura defensiva.

Certamente a aliança do PT com o PMDB apresenta gargalos, mas fortalece o nosso projeto nacional e visa derrotar os nossos adversários imediatos, abrindo mais espaços de disputas por parte dos movimentos sociais, visto que não se trata de um projeto pessoal.

domingo, 17 de outubro de 2010

Votou Marina? Levou Serra!

A candidata Marina Silva acaba de anunciar que ficará neutra neste segundo turno que ajudou a criar. Neutra? Alguém acredita em neutralidade na política? A senadora Marina Silva tem uma história de vida belíssima, muito conhecida e muito respeitada. Porém, em sua campanha para presidente, toda essa simbologia construída junto com Chico Mendes e diversos outros companheiros e companheiras no PT do Acre esteve a serviço de um projeto político ambíguo, para dizer de forma elegante.

Marina Silva defendia quando fazia parte do PT aliança com o PSDB. Durante sua campanha para presidente usou um discurso de “união nacional” no qual governaria com os “bons do PT” os “bons do PSDB”, os “bons do DEM”, etc. Este discurso, incrivelmente despolitizado teve e ainda tem muita repercussão no Brasil, não à toa, José Serra segue a mesma lógica. A eleição para presidente da República é a mais importante das eleições, na qual projetos políticos diferentes serão debatidos com a sociedade.

Mas, qual foi mesmo o projeto político apresentado por Marina Silva para a população? Sabemos de sua história no ambientalismo e aqui cabe uma ressalva. O ambientalismo de Marina Silva é aquele do Greenpeace e WWF, que Plínio de Arruda Sampaio genialmente chamou de ecocapitalismo, mas, nem isso ela assumiu. Marina Silva, que é neopentecostal da Assembléia de Deus, não assumiu a sua fé, também não assumiu que é a favor da concepção criacionista nas escolas, contra a união civil entre pessoas do mesmo sexo, bem como o sexo antes do casamento, etc.

O ambientalismo de Marina e do Partido Verde é como o movimento “paz pela paz”, no qual as pessoas se vestem de branco e fazem uma caminhada para mudar o mundo e assim podem dormir sossegadas sabendo que fizeram sua parte. O Partido Verde é o mesmo que faz parte do governo do DEM e do PSDB em São Paulo, é apêndice do PSDB no Rio de Janeiro e apêndice do DEM no Rio Grande do Norte, onde tem o seu cargo eletivo mais importante no Brasil, a prefeitura de Natal, com apoio de José Agripino.

Como um projeto ambíguo assim teve tanto espaço na grande mídia? Por que as concepções conservadoras de Marina não foram divulgadas e exploradas pela mídia? Ora, sem isso como é que o PSDB iria para o segundo turno?

A oposição ao governo Lula, governo do qual Marina fez parte por seis anos, disputou as eleições para presidente como quem disputava prefeitura de cidade do interior com dois mil eleitores. Nunca baixaram tanto o nível! Questões morais, de fórum íntimo, passaram a ser o centro do debate. Essa baixaria interessava ao PSDB que queria fugir da comparação com o PT e contou com o incondicional apoio de Marina Silva.

Então, como se dividem os 19,33% eleitores de Marina? Matutando por aqui, consigo identificar três tipos. Direi eleitores de Marina porque não eram eleitores do PV, que teve pífio desempenho parlamentar, por exemplo. Para todos os três tipos, eleição para presidente não tem nada a ver com as outras eleições: para governador, deputados federais, deputados estaduais e senadores.

O primeiro tipo é progressista, apresenta sinceras críticas ao governo do PT, mas não quer de volta o governo do PSDB. Com estes, não apenas o debate é possível como é necessário. Com estes podemos também discutir seriamente com sinceras críticas ao projeto político de Marina. Este setor do eleitorado de Marina agora vota e faz campanha para a Dilma, melhor mesmo do que muitos petistas!

O segundo tipo é o eleitor cristão-protestante-neopentecostal. Recebi vários e-mails e recados no Orkut de pessoas pedindo voto para Marina, não por conta de sua história de vida, não por sua defesa do meio-ambiente, não por críticas ao PT ou ao PSDB, mas porque ela é “uma mulher de Deus”, contra o casamento gay e o aborto, contra essa a “pouca vergonha” e a “idolatria” que está se tornando a sociedade. Com esse tipo de eleitor não dá para conversar. Não dá porque estão na Idade Média e para convencê-los apenas convencendo o pastor ou bispo de sua igreja.

O terceiro tipo do eleitor de Marina é o neo-udenista de classe média, de “esquerda” ou de “direita”. O neo-udenista de classe média é aquele que lê a Veja, aquele que gosta de ouvir o Arnaldo Jabor e suas palavras proparoxítonas que parecem inteligentes, é o pessoal que parece politizado e de fato são a cada dois anos. São aqueles que de tão críticos e analíticos se envergonham de assumir o voto no PSDB, mas quer ver o governo do PT derrotado. Gostam de coisas exclusivas, de falar de coisas exclusivas. Como vão fazer uma análise crítica sobre Tropa de Elite 2 se qualquer pé de chinelo pode ver o filme e discordar do que falaram? No segundo turno, os neo-udenistas de “direita” já estão engajados em eleger José Serra e os de “esquerda”, claro, votarão nulo.

E algum momento Marina Silva veio a público dizer que não queria crescer eleitoralmente com baixarias ou despolitização? Não, claro que não! Na verdade, ela não disse nada durante a campanha. Agora, depois de um breve ostracismo inicial, volta a ganhar destaque na mídia dizendo que ficará independente, mas independente de quem? Dos que pagavam o seu jatinho de cinqüenta milhões de dólares? Marina não entende ou não quer entender as diferenças entre os dois projetos que disputam o segundo turno? É no mínimo irresponsável. Agora que já não serve mais para a grande mídia será “+ 1” no ostracismo, ou vocês não lembram da Heloísa Helena? Como boa cristã, Marina deveria saber que não se serve a dois senhores ao mesmo tempo, que entre o quente e o frio, o morno é repugnante!

As pesquisas estão indicando que mais da metade dos eleitores de Marina Silva irão votar no José Serra. A soma do segundo e terceiro tipo de eleitor verde é maior do que o primeiro tipo. Na capa do último jornal Causa Operária está uma manchete que resume bem o quadro: “Votou Marina? Levou Serra”.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

"Socialismo" tucano

Inicialmente, durante o século XIX, o termo social-democracia referia-se aos revolucionários que lutavam para superar a sociedade capitalista e para a construção da sociedade socialista. Karl Marx e os marxistas, por exemplo, eram social-democratas. Já no século XX, com a Revolução Russa, o termo social-democracia referia-se ainda aos revolucionários que almejavam o socialismo, porém, os diferenciava dos Bolcheviques, vitoriosos em 1917, e que se baseavam em uma elaboração especifica do marxismo na Rússia czarista. Rosa Luxemburgo, por exemplo, fazia parte do Partido Social-Democrata Alemão.

Porém, logo em seguida, a social-democracia abandonou a idéia de revolução. Passaram a acreditar ainda na construção da sociedade socialista, mas, “por dentro” do capitalismo e sem rupturas. Essa posição reformista via a possibilidade de uma evolução ao socialismo a partir de realizações de reformas, mas com a aceitação das “regras do jogo” da democracia burguesa, o que resulta em sua legitimação. Karl Kautsky é o nome mais influente neste período da social-democracia.

Um quarto momento da social-democracia dá conta do abandono da idéia de construção do socialismo e aceitação do capitalismo, mas com um Estado de bem-estar social, o welfare state. O Partido Trabalhista na Inglaterra e Partido Social-Democrata Alemão são exemplos característicos desta proposta, na qual a partir da gestão do Estado capitalista, seriam implementadas políticas públicas de regulação econômica e de proteção social. Com a crise desse modelo passaram a flertar e, em alguns casos bem mais que isso, com o neoliberalismo.

Revolucionários ou reformistas (aqui excluo os neoliberais neófitos), os social-democratas faziam parte do movimento operário, tinham vínculos com a organização política das massas, apresentavam-se como alternativa política real às camadas populares. Agora esqueça tudo isso ao pensar no PSDB. Não há nenhuma ligação do Partido da Social Democracia Brasileira com a verdadeira social democracia.

O PSDB é um partido meramente parlamentar, que surgiu em 1988 de um racha do PMDB. Congregava personalidades de variadas matrizes ideológicas, mas nasce afirmando-se centro-esquerda. Em 1994 o PSDB chega à presidência da República aliado ao PFL/DEMo.

Desse casamento surgem privatizações do patrimônio público financiado por dinheiro público para empresas estrangeiras, escândalos com tráficos de influência na criação do Sistema de Vigilância da Amazônia, o caso PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional) no qual cerca de 30 bilhões do erário público foram “doados” a sete bancos privados! 120 bilhões de prejuízo aos cofres da União, constatados pelo TCU, no pagamento de precatórios no Departamento Nacional de Estradas e Rodagens em ações em andamento! Compra de deputados (da própria base do governo) para aprovação da emenda constitucional que permitia a reeleição, favorecendo o então presidente Fernando Henrique Cardoso. Os deputados João Maia e Ronivon Santiago confessaram, em ligações telefônicas em 1997, que receberam 200 mil reais cada um em esquema armado pelo então ministro das Comunicações, Sergio Motta, um dos fundadores do PSDB, para aprovação da emenda.

Em 8 anos de governo, os tucanos ainda estiveram envolvidos em outros diversos escândalos, como os do Banco Marka e FonteCidam e no desmantelamento da Sudene e Sudam, por exemplo. Estavam ainda empenhados em transformar a Petrobrás em Petrobrax, privatizando-a por completo. Mais que isso, quase acabaram com o Brasil. Ao aplicaram a receita neoliberal, não realizaram concursos públicos, sucatearam as universidades, privatizaram empresas estratégicas a preço de banana, empobreceram as classes média e trabalhadora. Para se ter uma idéia, o presidente FHC dizia que o brasileiro estava vivendo melhor porque estava consumindo mais frango, pasmem! Hoje, quando se pode comprar eletrodomésticos, computadores, carros e casa própria, podemos ver o quanto era ridículo e rebaixado o critério de FHC.

O PSDB representa também a criminalização de movimentos sociais, a tentativa de flexibilização das leis trabalhistas, retirando direitos do trabalhador, representa a falta de investimentos que, mesmo em situação de baixo consumo, comparada a hoje, levou o Brasil ao apagão, representa uma política externa que deixa o Brasil em situação subalterna. Fato que exemplifica bem a política externa do PSDB é quando, em 2002, em visita oficial aos Estados Unidos, o então chanceler Celso Lafer precisou tirar os sapatos para ser revistado e entrar naquele país, fato que se repetiu por três vezes! Hoje, o presidente dos Estados Unidos se refere ao nosso presidente como “o cara”, quanta diferença!!!

O PSDB representa tudo isso. Um Brasil que já superamos e que não queremos mais voltar. O atual candidato tucano José Serra só vence as pesquisas entre os mais ricos, prova de que apenas os ricos se beneficiam do Brasil proposto por José Serra, Fernando Henrique Cardoso e o PSDB. Cinicamente, dizem que o governo do presidente Lula deu continuidade às suas políticas, mas, se assim fosse verdade, além de não termos o mercado interno que temos hoje, o nosso chanceler, Celso Amorim, já estaria andando de sandálias por aí.

Onde estiver o PSDB, não podem estar as forças políticas progressistas e o campo democrático e popular. O PSDB não é nem nunca foi social-democrata! A volta do PSDB, ou mesmo o seu fortalecimento, significa uma derrota aos trabalhadores e aos movimentos populares que precisariam assumir uma postura defensiva. Registrado sob o número 45, o PSDB é inimigo de todos que querem um Brasil soberano e no caminho da construção da igualdade social. Na Paraíba, neste segundo turno, o PSDB apóia e vota em Ricardo Coutinho. O PSDB indica o vice-governador na chapa de Ricardo Coutinho. O coordenador da campanha de Ricardo Coutinho é Cássio Cunha Lima, ex-governador cassado, do PSDB. Eu não tenho nada a ver com o PSDB e você?

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Os "democratas"

Em 1945, surge no Brasil a UDN. A União Democrática Nacional era um partido político conservador com uma base social emergente no país ao fim da Segunda Guerra Mundial: a classe média urbana. Na política internacional iniciava-se a Guerra Fria entre as duas potências político-militares, a União Soviética e os Estados Unidos. Nesta disputa, o termo democracia era utilizado pelo mundo ocidental capitalista em oposição ao socialismo burocrático do leste europeu.

Como um bom partido de direita, a UDN trazia para si o ideal democrático e procurava acuar a esquerda na política brasileira como anti-democrática. Aliás, até hoje a direita tenta fazer o mesmo. Mas, a democracia que advogam não é democrática, porque é a democracia dos ricos, sem povo, resumida a eleições e baseada em instituições que impedem a participação popular. A democracia da UDN é, no máximo, o clássico liberalismo político, que não se estende para as demais esferas da sociedade como a economia, por exemplo.

Entre 1945 a 1964, a UDN fez oposição às políticas trabalhistas de Vargas, às Reformas de Base de João Goulart e apoiou o golpe cívico-militar que instalava a ditadura. Sim, deram apoio a um golpe de Estado que instalou uma ditadura mesmo sendo “democráticos”. A direita só é democrática até quando lhes interessa, prova a história.

Um de seus mais influentes líderes era o jornalista Carlos Lacerda que atuava ferozmente em nome da moralidade, contra a corrupção, tentou impedir a posse de Juscelino Kubitschek, tentou derrubar Jânio Quadros – que depois caiu sozinho - e foi um dos articuladores civis do golpe de 1964. Como governador do antigo Estado da Guanabara fez um governo cosmético para a classe média emergente e consumidora, mas, foi traído pelos milicos e foi cassado em 1968.

Após o golpe de 1964, os quadros mais destacados foram para a ARENA, Aliança Renovadora Nacional, o partido que dava apoio político e social aos ditadores! A classe média democrática e seus aliados conservadores davam sustentação a um regime político que prendeu, torturou, assassinou e exilou milhares de brasileiros e brasileiras.

Em 1980 com o fim do bipartidarismo, a ARENA torna-se PDS, Partido Democrático Social, mesmo sendo base política do ditador João Batista Figueiredo. Mas, repararam que o D de democracia está outra vez?

Logo, os quadros do PDS migram em massa para o PFL, fundado em 1985. O Partido da Frente Liberal, assumidamente de direita, congregava o que havia de pior na política nacional. O que há da pior na visão de alguém de esquerda, tenho dito. Os latinfundiários do Nordeste eleitos com o clientelismo e voto de cabestro, os desmatadores e matadores do Centro-Oeste, a direita urbana e ideológica defensora do livre mercado.

Em 2007, desgastado e desacreditado, o PFL muda de nome e passa a se chamar Democratas, pode? Isso, desde 1945, a direita, não apenas no Brasil, disputa a noção de democracia porque esse regime político traz em si o valor de poder popular. O DEMo forma hoje com o PSDB um bloco político em franca decadência e que tem na grande mídia e no mercado financeiro a sua força social. O DEMo é o partido do primeiro governador preso na história desse país, o José Arruda no Distrito Federal.

A UDN-ARENA-PDS-PFL-DEM, registrado com o número 25, em épocas de diminuição da desigualdade social, o que de fato fortalece a democracia, encontra dificuldades para sobreviver. Caiu de 84 deputados federais em 2002, 65 em 2006 e para 43 em 2010. Por tudo o que é e significa, onde está o DEMo não podem estar as forças progressitas, democráticas e populares. Na Paraíba, neste segundo turno, o DEMo apoia e vota em Ricardo Coutinho, fazem parte da mesma coligação! Eu não tenho nada a ver com esse partido e você?

domingo, 10 de outubro de 2010

Um candidato original

Abelardo Barbosa, o Chacrinha, dizia que na TV nada se cria e tudo se copia. Na política não precisa ser assim, não é mesmo? A campanha para governo do Estado na Paraíba está no segundo turno. O candidato Ricardo Coutinho do PSB/DEM/PSDB começou a campanha dizendo que o povo da Paraíba “não se rende e não se vende”, palavras na verdade da alagoana Heloísa Helena.

Em seguida, falou que a “esperança venceu o medo” referindo à sua vitória parcial no primeiro turno com um pouco mais de oito mil votos de diferença. Esta frase foi dita pela presidente Lula em 2002 respondendo a “eu tenho medo” dita pela Regina Duarte a serviço do PSDB/DEM, os aliados de Ricardo Coutinho na Paraíba de agora. Fazer campanha da esperança junto com aqueles que fazem a campanha do medo não é complicado?

Continuando o seu “criativo” discurso, o candidato de José Serra na Paraíba disse que quer ser eleito para fazer o Estado crescer “quarenta anos em quatro”. Será que tem alguma coisa a ver com a famosa palavra de ordem desenvolvimentista do presidente JK que dizia o Brasil cresceria “cinqüenta anos em cinco”? Complicado mesmo é ter projeto desenvolvimentista indo para o segundo turno com os votos dos neoliberais.

Por fim Ricardo Coutinho falou que a “verdade libertará” a Paraíba com a sua vitória. Tudo bem que graças às baixarias da campanha de José Serra e Marina Silva, propagando mentiras de cunho moral e religioso a campanha presidencial foi para o segundo turno. Tudo bem que a adoração de personalidade realizada pelos ricardistas é um fenômeno bem conhecido na Paraíba, mas se comparar a Jesus Cristo na falta de discurso próprio já é um pouco demais, não acha? Ah, não preciso dizer que nenhum crédito foi dado aos verdadeiros pais das idéias centrais do discurso do candidato.