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terça-feira, 12 de outubro de 2010

"Socialismo" tucano

Inicialmente, durante o século XIX, o termo social-democracia referia-se aos revolucionários que lutavam para superar a sociedade capitalista e para a construção da sociedade socialista. Karl Marx e os marxistas, por exemplo, eram social-democratas. Já no século XX, com a Revolução Russa, o termo social-democracia referia-se ainda aos revolucionários que almejavam o socialismo, porém, os diferenciava dos Bolcheviques, vitoriosos em 1917, e que se baseavam em uma elaboração especifica do marxismo na Rússia czarista. Rosa Luxemburgo, por exemplo, fazia parte do Partido Social-Democrata Alemão.

Porém, logo em seguida, a social-democracia abandonou a idéia de revolução. Passaram a acreditar ainda na construção da sociedade socialista, mas, “por dentro” do capitalismo e sem rupturas. Essa posição reformista via a possibilidade de uma evolução ao socialismo a partir de realizações de reformas, mas com a aceitação das “regras do jogo” da democracia burguesa, o que resulta em sua legitimação. Karl Kautsky é o nome mais influente neste período da social-democracia.

Um quarto momento da social-democracia dá conta do abandono da idéia de construção do socialismo e aceitação do capitalismo, mas com um Estado de bem-estar social, o welfare state. O Partido Trabalhista na Inglaterra e Partido Social-Democrata Alemão são exemplos característicos desta proposta, na qual a partir da gestão do Estado capitalista, seriam implementadas políticas públicas de regulação econômica e de proteção social. Com a crise desse modelo passaram a flertar e, em alguns casos bem mais que isso, com o neoliberalismo.

Revolucionários ou reformistas (aqui excluo os neoliberais neófitos), os social-democratas faziam parte do movimento operário, tinham vínculos com a organização política das massas, apresentavam-se como alternativa política real às camadas populares. Agora esqueça tudo isso ao pensar no PSDB. Não há nenhuma ligação do Partido da Social Democracia Brasileira com a verdadeira social democracia.

O PSDB é um partido meramente parlamentar, que surgiu em 1988 de um racha do PMDB. Congregava personalidades de variadas matrizes ideológicas, mas nasce afirmando-se centro-esquerda. Em 1994 o PSDB chega à presidência da República aliado ao PFL/DEMo.

Desse casamento surgem privatizações do patrimônio público financiado por dinheiro público para empresas estrangeiras, escândalos com tráficos de influência na criação do Sistema de Vigilância da Amazônia, o caso PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional) no qual cerca de 30 bilhões do erário público foram “doados” a sete bancos privados! 120 bilhões de prejuízo aos cofres da União, constatados pelo TCU, no pagamento de precatórios no Departamento Nacional de Estradas e Rodagens em ações em andamento! Compra de deputados (da própria base do governo) para aprovação da emenda constitucional que permitia a reeleição, favorecendo o então presidente Fernando Henrique Cardoso. Os deputados João Maia e Ronivon Santiago confessaram, em ligações telefônicas em 1997, que receberam 200 mil reais cada um em esquema armado pelo então ministro das Comunicações, Sergio Motta, um dos fundadores do PSDB, para aprovação da emenda.

Em 8 anos de governo, os tucanos ainda estiveram envolvidos em outros diversos escândalos, como os do Banco Marka e FonteCidam e no desmantelamento da Sudene e Sudam, por exemplo. Estavam ainda empenhados em transformar a Petrobrás em Petrobrax, privatizando-a por completo. Mais que isso, quase acabaram com o Brasil. Ao aplicaram a receita neoliberal, não realizaram concursos públicos, sucatearam as universidades, privatizaram empresas estratégicas a preço de banana, empobreceram as classes média e trabalhadora. Para se ter uma idéia, o presidente FHC dizia que o brasileiro estava vivendo melhor porque estava consumindo mais frango, pasmem! Hoje, quando se pode comprar eletrodomésticos, computadores, carros e casa própria, podemos ver o quanto era ridículo e rebaixado o critério de FHC.

O PSDB representa também a criminalização de movimentos sociais, a tentativa de flexibilização das leis trabalhistas, retirando direitos do trabalhador, representa a falta de investimentos que, mesmo em situação de baixo consumo, comparada a hoje, levou o Brasil ao apagão, representa uma política externa que deixa o Brasil em situação subalterna. Fato que exemplifica bem a política externa do PSDB é quando, em 2002, em visita oficial aos Estados Unidos, o então chanceler Celso Lafer precisou tirar os sapatos para ser revistado e entrar naquele país, fato que se repetiu por três vezes! Hoje, o presidente dos Estados Unidos se refere ao nosso presidente como “o cara”, quanta diferença!!!

O PSDB representa tudo isso. Um Brasil que já superamos e que não queremos mais voltar. O atual candidato tucano José Serra só vence as pesquisas entre os mais ricos, prova de que apenas os ricos se beneficiam do Brasil proposto por José Serra, Fernando Henrique Cardoso e o PSDB. Cinicamente, dizem que o governo do presidente Lula deu continuidade às suas políticas, mas, se assim fosse verdade, além de não termos o mercado interno que temos hoje, o nosso chanceler, Celso Amorim, já estaria andando de sandálias por aí.

Onde estiver o PSDB, não podem estar as forças políticas progressistas e o campo democrático e popular. O PSDB não é nem nunca foi social-democrata! A volta do PSDB, ou mesmo o seu fortalecimento, significa uma derrota aos trabalhadores e aos movimentos populares que precisariam assumir uma postura defensiva. Registrado sob o número 45, o PSDB é inimigo de todos que querem um Brasil soberano e no caminho da construção da igualdade social. Na Paraíba, neste segundo turno, o PSDB apóia e vota em Ricardo Coutinho. O PSDB indica o vice-governador na chapa de Ricardo Coutinho. O coordenador da campanha de Ricardo Coutinho é Cássio Cunha Lima, ex-governador cassado, do PSDB. Eu não tenho nada a ver com o PSDB e você?