Páginas

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Os "democratas"

Em 1945, surge no Brasil a UDN. A União Democrática Nacional era um partido político conservador com uma base social emergente no país ao fim da Segunda Guerra Mundial: a classe média urbana. Na política internacional iniciava-se a Guerra Fria entre as duas potências político-militares, a União Soviética e os Estados Unidos. Nesta disputa, o termo democracia era utilizado pelo mundo ocidental capitalista em oposição ao socialismo burocrático do leste europeu.

Como um bom partido de direita, a UDN trazia para si o ideal democrático e procurava acuar a esquerda na política brasileira como anti-democrática. Aliás, até hoje a direita tenta fazer o mesmo. Mas, a democracia que advogam não é democrática, porque é a democracia dos ricos, sem povo, resumida a eleições e baseada em instituições que impedem a participação popular. A democracia da UDN é, no máximo, o clássico liberalismo político, que não se estende para as demais esferas da sociedade como a economia, por exemplo.

Entre 1945 a 1964, a UDN fez oposição às políticas trabalhistas de Vargas, às Reformas de Base de João Goulart e apoiou o golpe cívico-militar que instalava a ditadura. Sim, deram apoio a um golpe de Estado que instalou uma ditadura mesmo sendo “democráticos”. A direita só é democrática até quando lhes interessa, prova a história.

Um de seus mais influentes líderes era o jornalista Carlos Lacerda que atuava ferozmente em nome da moralidade, contra a corrupção, tentou impedir a posse de Juscelino Kubitschek, tentou derrubar Jânio Quadros – que depois caiu sozinho - e foi um dos articuladores civis do golpe de 1964. Como governador do antigo Estado da Guanabara fez um governo cosmético para a classe média emergente e consumidora, mas, foi traído pelos milicos e foi cassado em 1968.

Após o golpe de 1964, os quadros mais destacados foram para a ARENA, Aliança Renovadora Nacional, o partido que dava apoio político e social aos ditadores! A classe média democrática e seus aliados conservadores davam sustentação a um regime político que prendeu, torturou, assassinou e exilou milhares de brasileiros e brasileiras.

Em 1980 com o fim do bipartidarismo, a ARENA torna-se PDS, Partido Democrático Social, mesmo sendo base política do ditador João Batista Figueiredo. Mas, repararam que o D de democracia está outra vez?

Logo, os quadros do PDS migram em massa para o PFL, fundado em 1985. O Partido da Frente Liberal, assumidamente de direita, congregava o que havia de pior na política nacional. O que há da pior na visão de alguém de esquerda, tenho dito. Os latinfundiários do Nordeste eleitos com o clientelismo e voto de cabestro, os desmatadores e matadores do Centro-Oeste, a direita urbana e ideológica defensora do livre mercado.

Em 2007, desgastado e desacreditado, o PFL muda de nome e passa a se chamar Democratas, pode? Isso, desde 1945, a direita, não apenas no Brasil, disputa a noção de democracia porque esse regime político traz em si o valor de poder popular. O DEMo forma hoje com o PSDB um bloco político em franca decadência e que tem na grande mídia e no mercado financeiro a sua força social. O DEMo é o partido do primeiro governador preso na história desse país, o José Arruda no Distrito Federal.

A UDN-ARENA-PDS-PFL-DEM, registrado com o número 25, em épocas de diminuição da desigualdade social, o que de fato fortalece a democracia, encontra dificuldades para sobreviver. Caiu de 84 deputados federais em 2002, 65 em 2006 e para 43 em 2010. Por tudo o que é e significa, onde está o DEMo não podem estar as forças progressitas, democráticas e populares. Na Paraíba, neste segundo turno, o DEMo apoia e vota em Ricardo Coutinho, fazem parte da mesma coligação! Eu não tenho nada a ver com esse partido e você?